A HISTÓRIA DOS SINDICATO DE FRENTISTAS
– Nas palavras dos seus presidentes –
Em meados de 2015, um grupo de trabalhadores em postos de combustível de Rondônia pediu ajuda à Federação Nacional dos Frentistas (Fenepospetro) para organizar a categoria. A Fenepospetro veio e montou uma subsede aqui em Porto Velho, capital do estado. Juntos começamos uma batalha judicial por reconhecimento.
Estávamos ligados ao sindicato dos trabalhadores em minérios, mas eles não representavam nossa categoria. Se você fizesse uma denúncia sobre qualquer situação em seu posto, imediatamente eles ligavam para dedurar ao patrão. Muitos trabalhadores foram demitidos por causa disso, o que levou à criação do apelido “Sindicato Dedo-Duro”. Em nossa disputa judicial por autonomia sindical, eles ganharam na primeira instância, mas nós recorremos com o apoio do jurídico da Federação e vencemos.
Como ainda não tínhamos a carta sindical, na primeira negociação fomos representados pela Federação e já tivemos grandes avanços. O salário chegou a outro patamar e foi estabelecida uma data obrigatória para a entrega da cesta básica e do vale alimentação, que antes acontecia quando o patrão queria.
Eu ainda não fazia parte da diretoria, mas já ajudava bastante como voluntário. Depois de um ano trabalhando à noite em um posto de gasolina, fui convidado pelos companheiros para compor a diretoria, como tesoureiro. Começamos a fazer o trabalho de base, rodar o estado, conversar com os frentistas, entregar informativos. Criamos também um grupo de WhatsApp para passar informações sobre direitos aos trabalhadores. Antes, muita gente nem sabia que existia o Sindicato.
Em junho de 2017 foi publicada e em novembro saiu a nossa certidão sindical. Foi aí que conseguimos fechar com autonomia a primeira convenção coletiva de trabalho dos frentistas de Rondônia e do nosso Sindicato, na qual conquistamos um percentual de reajuste muito bom, de 9,5%. Mais trabalhadores começaram a acreditar e se associar, aumentou a demanda por ações judiciais para reparação de direitos, ganhamos muitas, e tudo começou a dar indícios de melhoras.
Tudo isso teve a participação fundamental da Federação. Se ela não tivesse entrado na briga, nós não teríamos condições financeiras e políticas para tirar o Sindicato do inimigo e colocá-lo a serviço da luta dos trabalhadores.
Claro, quem está na lida sindical sabe que nem tudo são flores. Vieram os problemas. Quando me envolvi ainda mais com o Sindicato e fui eleito presidente, a empresa começou a me perseguir. Fui demitido no início do ano passado, entrei com uma ação judicial e logo em seguida saiu uma liminar para me reintegrar ao serviço, que foi depois confirmada pelo TRT. Continuo lá.
A maior parte da diretoria é aqui da capital, à exceção de uma diretora que é da cidade de Jaru, mas temos planos de expandir para o interior, convidando para participar companheiros de várias cidades. No total somos sete mil trabalhadores em cerca de 600 postos de abastecimento no Estado de Rondônia.
Continuamos na luta, orientando os trabalhadores sobre seus direitos, organizando a categoria, e as coisas têm acontecido. Já melhorou 80% do que era antes, quando muita gente trabalhava sem carteira assinada e sem salário certo, e os acordos eram fechados sem participação dos trabalhadores. Hoje não, os frentistas têm voz ativa no Sindicato, participam das negociações, e o Sinpospetro-Rondônia fiscaliza o cumprimento das convenções coletivas e das leis trabalhistas.
*Ageu Pereira, presidente do Sinpospetro-Rondônia