Os quase 500 mil trabalhadores em postos de todo o Brasil estão com um novo desafio pela frente. Esse desafio é enfrentar a insegurança no trabalho, que piorou.
Como assim? Basta observar as recentes explosões por Gás Natural Veicular (GNV), todas graves e uma delas com a morte de um frentista. O companheiro Alyf Cruz Santana, de 21 anos, em São Pedro da Aldeia, no Rio de Janeiro.
A repercussão dos acidentes teve forte impacto na categoria e também junto aos consumidores. Vários donos de postos também, felizmente, compreenderam que o problema é grave e precisa ser encarado de frente.
A clientela se encheu de cautela e teve posto que perdeu fregueses, temerosos de problemas com o abastecimento do GNV ou pelo simples fato de abastecerem seu carro com etanol ou gasolina, num estabelecimento que mantém cilindros de Gás.
A Federação Nacional, a Fepospetro-SP e os Sindicatos filiados exigem providências por parte das autoridades e cobram dos empresários integral respeito às normas de segurança. E já começamos a trabalhar nesse sentido.
Semana passada, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) fiscalizou postos de combustíveis no Estado do Rio. Essa varredura apurou várias situações inseguras, bem como desrespeito a normas de segurança. A ANP também apreendeu veículos com cilindros avariados ou gambiarras.
Nesse ínterim, os três Sindicatos laborais do Estado fortaleceram as denúncias e chamaram o patronato à responsabilidade. Fomos além: procuramos a Assembleia Legislativa do Estado a fim de realizar audiência pública. Essa audiência está marcada para o dia 2 de setembro, e será presencial.
Uma audiência pública, ainda que conte com a presença de representantes do Estado e do patronato, não resolverá o problema da insegurança gerada pelo manuseio incorreto do GNV ou devida à ganância de certos empresários. Mas é um primeiro passo concreto.
A categoria dos trabalhadores em postos se mobilizou o ano todo de 2021, buscando impedir a liberação do self service. Ou seja, defendemos a validade da Lei 9.956/2000 e tivemos êxito, tanto junto ao Congresso Nacional quanto à Justiça, em vários processos.
Defender o emprego da categoria é papel do sindicalismo. Mas defender a vida vai além da nossa atribuição. É papel nosso, mas principalmente do setor empresarial e dos órgãos governamentais.
Você ainda me verá falar muito dessa questão da insegurança no manejo do GNV. Nossas entidades de classe baterão muito nessa tecla. Seremos persistentes e obstinados na busca de segurança no trabalho e defesa da vida dos trabalhadores e trabalhadoras.
Contamos com a sua compreensão e o seu apoio, prezado leitor. Até porque a vida – do trabalhador e de qualquer outro cidadão – é sagrada e nenhuma ganância ou gambiarra pode colocar em risco esse patrimônio maior.
Eusébio Luis Pinto Neto é presidente da Federação Nacional dos Frentistas – Fenepospetro, e do Sindicato da categoria do Rio de Janeiro