Há 18 anos, iniciamos a nossa luta para libertar os trabalhadores de postos de combustíveis do Estado do Rio de Janeiro. Foi uma longa jornada até aqui. Em assembleia, no dia 7 de abril, na sala 1505, na Rua dos Andradas, no Centro, um grupo de frentistas, liderado por Eusébio Pinto Neto, fundou o Sinpospetro-RJ.
O primeiro confronto foi travado no nascedouro. A polícia foi acionada para impedir que os trabalhadores se organizassem e criassem um sindicato independente. Mas os frentistas não se intimidaram. A nossa entidade não cedeu à pressão, mesmo quando dois fundadores foram dispensados pelas empresas em retaliação. Conseguimos reverter as demissões, e, em 2007, o Ministério do Trabalho reconheceu o Sinpospetro-RJ, como o representante legítimo da categoria. Apesar disso, enfrentamos uma longa batalha judicial para podermos representar os frentistas na mesa de negociação salarial, em 2009.
Contrariando interesses de grupos econômicos, acabamos com a terceirização da mão de obra nos postos de combustíveis e a exposição do corpo das trabalhadoras. Ajudamos a criar a lei que proíbe o uso de uniformes justos e inadequados pelas mulheres. O Rio de Janeiro é único estado da federação, com lei específica sobre o assunto. Essa é uma luta da companheira, Angela Matos, fundadora da entidade, que nos deixou prematuramente, em 2017.
A causa social sempre foi uma das nossas bandeiras, por isso participamos de diversos fóruns para defender a luta de classe e conquistas para os trabalhadores brasileiros.
Participamos ativamente da elaboração do anexo IV da NR 20, que estabelece diretrizes de segurança e saúde para os funcionários de postos de combustíveis. Esse capítulo é destinado à nossa categoria. Também conseguimos barrar no Congresso Nacional projetos de lei, que visam acabar com a profissão de frentista. Estamos criando mecanismos para qualificar e preparar os frentistas para transição tecnológica que avança no mercado de trabalho. A regulamentação da profissão será importante nesse processo.
Hoje, temos uma Convenção Coletiva sólida com conquistas relevantes para a categoria. Para garantir a Participação nos Lucros e Resultados, ticket alimentação, vale-combustível e plano ambulatorial foram necessárias diversas manifestações, com a paralisação temporária nos postos.
São quase duas décadas enfrentando desafios diários para organizar, estruturar e conscientizar os trabalhadores. Nada é fácil, por isso, continuamos na luta. Ainda temos um longo caminho a percorrer até que os trabalhadores sejam realmente respeitados e valorizados. Os frentistas fidelizam os clientes e aumentam as vendas nos postos de combustíveis.
Com determinação, garra e muita luta chegamos à maioridade. O Sinpospetro-RJ é uma organização forte que atua em todos os níveis dos três poderes. Eram dezesseis frentistas que sonhavam com a liberdade da categoria. Hoje, somos mais de trinta mil trabalhadores com orgulho de fazer parte dessa história.
Eusébio Pinto Neto. Presidente da Fenepospetro e do Sinspospetro-RJ (Foto: Sinpospetro-RJ)