Dentre tantos riscos e violências a que os trabalhadores de postos de combustíveis estão sujeitos, o metanol é o mais grave e perigoso. Embora a legislação brasileira proíba a mistura do metanol à gasolina e ao álcool, empresários inescrupulosos estão tornando essa prática comum em todo o país. Como presidente da Federação Nacional dos Frentistas e representando 500 mil trabalhadores, repudio e luto para que esses comerciantes sejam punidos, não apenas com multas e processos administrativos, mas também pela justiça, com todo o rigor.
O tempo da Lei de Gérson passou. O governo Lula, através de seus órgãos de fiscalização, está fechando o cerco às empresas que visam o lucro à custa da vida de outras pessoas. No primeiro semestre deste ano, a Agência Nacional de Petróleo interditou 42 postos no país que comercializavam combustíveis misturados ao metanol. O Rio de Janeiro, infelizmente, é o estado que lidera a lista de empresas trambiqueiras, com 18 postos interditados. A fraude, considerada uma das mais perigosas no setor de combustíveis, também foi detectada nos estados de São Paulo, Sergipe e Espírito Santo. Há caso em que foi constatado mais de 80% de metanol nos produtos coletados.
Esse tipo de crime coloca em risco não apenas a vida dos frentistas, mas também a dos clientes. O metanol tem um alto grau de letalidade, e, quando não mata, deixa muitas sequelas neurológicas e visuais, incluindo a cegueira.
A questão é bastante complexa. O metanol, que polui o ambiente e causa sérios danos à saúde, é importado. É preciso intensificar a fiscalização sobre a importação ilegal do produto que acaba sendo desviado de sua finalidade — matéria-prima na produção industrial de várias substâncias orgânicas — para o uso ilegal e adulteração de combustíveis, o que é um risco gravíssimo para a sociedade.
Nós, frentistas, que trabalhamos expostos a todo tipo de risco e contaminação, não podemos ser vítimas da ganância que mata. Portando, fica claro que é preciso fortalecer a fiscalização e a conscientização da sociedade para os riscos de exposição ao metanol. É essencial que o consumidor fique atento para a procedência dos produtos vendidos nos postos onde abastece seu carro. O valor cobrado na bomba de combustível é um de sinal de alerta, especialmente se persistir. Quanto menor o valor, maior o risco de fraude. Desconfie das coisas muito fáceis.
Eusébio Pinto Neto – presidente da Fenepospetro e do Sinpospetro-RJ.