Segundo os manuais de geopolítica, pra ser potência e influir no cenário global, um país precisa de algumas condições.
São elas: ter um grande território, ter grande população, ter muitas riquezas naturais, ter mercado interno forte – ou em condições de crescer – e, por fim, dispor de uma boa base tecnológica.
Pois bem. O Brasil preenche totalmente as três primeiras condições e as últimas duas, parcialmente. Portanto, não nos falta muito pra ocupar um lugar de destaque, merecido, no concerto global das nações.
Mas essa corrida por uma condição favorável no mundo exige pressa e eficiência. Vejo, com satisfação, que o presidente Lula tem buscado construir esse caminho. Para tanto, ele se relaciona bem com Estados Unidos e o Bloco europeu, mas atua também dentro do Brics e procura abrir áreas de influência no Continente africano.
Nesta semana, ou seja, dia 28, Lula deu um passo importante pra fortalecer o quarto pilar geopolítico, que é construir um mercado interno mais forte. Foi sua decisão de retomar a política de aumento continuado para o salário mínimo. Essa medida aumentará a renda de aproximadamente 50 milhões de pessoas – e isso é mais do que a população da Argentina.
A melhoria nas faixas do imposto de renda dos assalariados, assim como a tentativa de taxar os chamados super-ricos, também visa garantir mais renda aos trabalhadores da base social, capitalizar o Estado e atacar a brutal concentração de renda em nosso País. Isso, sem dúvida, fortalecerá o mercado interno.
Fica faltando o pilar da ciência e tecnologia. Aqui, a mudança tende a ser mais lenta, porque demandará uma melhoria geral da educação, mais qualificação técnica, fortalecimento das universidades e, também, valorização dos centros de pesquisa. O governo anterior, lamentavelmente, era negacionista e atrasou nosso desenvolvimento científico.
O sindicalismo, o empresariado, os acadêmicos, os pensadores e os setores progressistas da sociedade não podem ficar a reboque dos governos. Proponho que, afora apoiar as medidas construtivas do governo, as partes citadas adotem postura mais efetiva em prol do desenvolvimento nacional.
A recente experiência chinesa mostra que as mudanças estruturais num país de dimensões continentais podem ser incrementadas em uma ou duas gerações.
Eu acredito muito no potencial do povo brasileiro e penso que podemos também dar um salto, com um governo competente, apoio do Estado e investimentos privados nas áreas certas.
Quando olho para o futuro do Brasil vejo um grande País, uma Nação forte, articulada e soberana. Sinceramente, temos todas as condições pra isso.
Eusébio Pinto Neto,
Presidente do Sinpospetro-RJ e da Federação Nacional dos Frentistas.