Com o avanço da tecnologia muitos trabalhadores passaram a viver à margem do mercado de trabalho. A precarização das relações trabalhistas e o aumento da informalidade criaram um sistema degradante e exaustivo, o que levou a classe operária a protestar contra a exploração no centro do capitalismo. Trabalhadores da General Motors, Ford e Stellantis nos Estados Unidos paralisaram as atividades por melhores salários e direitos retirados ao longo dos anos. A greve coordenada pelo sindicato dos trabalhadores das montadoras acontece quando o movimento sindical tem a sua maior aprovação pelos americanos.
O sindicato denuncia que os preços dos carros subiram 30% nos últimos quatro anos, enquanto os custos da produção, que incluem a mão de obra, permanecem relativamente baixos.
O movimento não é apenas por salário. Em todo o mundo, os trabalhadores se organizam para acabar com a exploração e não perder espaço para máquinas. O governo americano concedeu grandes incentivos e empréstimos federais para novas fábricas de bateria elétrica em regiões que não exigem que as empresas empreguem trabalhadores sindicalizados. Além disso, os veículos elétricos requerem cerca de 30% menos mão-de-obra para serem montados do que um carro movido a gasolina.
A proteção do trabalho depende da organização da categoria. O sindicato dos trabalhadores das montadoras tem cerca de 146 mil associados e conta com um fundo de U$ 825 milhões para garantir os salários dos grevistas.
Este movimento nos Estados Unidos terá reflexos significativos no mundo do trabalho, sobretudo no Brasil. Em 2017, o governo Michel Temer promoveu uma reforma trabalhista com o objetivo de reduzir os custos para os empresários e, consequentemente, aumentar o número de postos de trabalho no país. Na prática, o que se viu foi a redução dos direitos dos trabalhadores, sem um aumento significativo dos postos formais de empregos, além do enfraquecimento dos sindicatos.
A mesma mídia que ataca o movimento sindical brasileiro, devido à decisão do Supremo Tribunal Federal, que formou maioria pela cobrança da contribuição assistencial de trabalhadores sindicalizados ou não, dá publicidade e enaltece a força dos companheiros americanos.
Este não é um levante isolado. É importante fortalecer os sindicatos para reconstruir as relações de trabalho. É necessário educar e treinar a força de trabalho para atender às demandas criadas pelas novas tecnologias. Precisamos redirecionar o sistema de inovação no sentido de estimular o surgimento de tecnologias que complementem, em vez de substituir o homem.
Eusébio Pinto Neto,
Presidente do SINPOSPETRO-RJ e da FENEPOSPETRO