A pressão do capital financeiro para obter cada vez mais lucros à custa do suor do povo fez com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elevasse o tom em defesa dos mais pobres. Apesar dos resultados positivos da economia brasileira, com o aumento da arrecadação federal, do emprego, da renda e a redução da inflação e da miséria, o mercado, usando projeções futuras para os próximos anos, pressiona o governo para fazer cortes nos gastos com os mais vulneráveis.
O posicionamento acertado de Lula causou uma grande movimentação no mercado, que aproveitou a oportunidade para obter lucros ainda maiores. Na semana passada, a desvalorização do real em relação ao dólar foi creditada ao governo. Isso não passa de uma especulação do capital.
A alta do dólar está relacionada à valorização dos títulos públicos americanos, que são consequência da manutenção dos juros altos nos Estados Unidos e da expectativa em relação à eleição norte-americana. A rentabilidade maior dos títulos americanos atrai capital para os Estados Unidos e tira dinheiro do Brasil.
Mesmo se vivêssemos uma crise cambial, o que não acontece, o Brasil tem reservas suficientes para lidar com as grandes turbulências. Além disso, o real não foi a única moeda que sofreu variações. Moedas de 80 países também se desvalorizaram ante o dólar na semana passada.
A elevação do valor do dólar aumenta os preços dos produtos, reduz o poder de compra e pressiona a inflação. Com isso, o Banco Central tende a aumentar ainda mais os juros para diminuir o consumo e reduzir a inflação, favorecendo a especulação financeira, já que todo o dinheiro vai para investimentos em títulos públicos ou para renda fixa.
Com os juros elevados, o empresário deixa de investir em projetos produtivos que geram emprego e direciona os recursos para o mercado financeiro, obtendo ganhos relativamente fáceis e sem qualquer risco. O Brasil é o país que paga o segundo maior juro real do mundo, perdendo apenas para a Rússia.
O capital não quer perder, logo, pressiona o governo a reduzir os gastos, sobretudo com a seguridade social. Os mais pobres serão os mais prejudicados. No entanto, não se discute a dívida pública, que sustenta o capital.
O trabalhador deve estar atento ao jogo especulativo, cujo objetivo é diminuir o valor da mão de obra a cada dia, permitindo que 1% da humanidade permaneça explorando 99% da população mundial.
Eusébio Pinto Neto,
Presidente do SINPOSPETRO-RJ e da Federação Nacional dos Frentistas