A dinâmica do movimento sindical na base, na interação com os trabalhadores, pode transformar e mudar a consciência política do país. O movimento sindical desempenhou um papel fundamental não apenas na organização de trabalhadores, mas também na resistência à ditadura e na reconstrução democrática. A luta política deve ser uma das principais questões do sindicalismo.
O fortalecimento dos sindicatos está diretamente ligado à expansão do trabalho de base, uma vez que é necessário estabelecer uma comunicação direta com aqueles que produzem a riqueza da nação. É no corpo a corpo que vamos fundamentar a teoria do valor-trabalho. O movimento sindical tem a capacidade de solucionar problemas e propor soluções para a relação entre capital e trabalho, por meio do diálogo e da negociação.
A economia do país depende da força de trabalho para prosperar, logo, os sindicatos devem usar o seu poder para pressionar alterações na Lei de Greve. A legislação dificulta a luta do trabalhador para fazer valer os seus direitos. É necessário resolver a questão do custeio dos sindicatos, uma vez que, sem recursos, não é possível competir de forma igualitária com o capital.
A ação sindical interfere na negociação entre capital e mão de obra, permitindo que a categoria recupere parte do trabalho que não foi pago e melhore as condições de trabalho, com equipamentos de segurança e qualificação. Ninguém sabe o que é melhor para os trabalhadores do que os dirigentes sindicais. Sendo assim, precisamos deter as interferências negativas do Congresso Nacional na estrutura do movimento sindical. Não há democracia sem direitos, o que explica os ataques ao movimento sindical que luta para combater as desigualdades.
O movimento sindical, representado pelas instâncias superiores, Centrais Sindicais, Confederações e Federações, deve se organizar e alinhar as discussões para criar e estabelecer um caminho que regula a representação e atenda às necessidades das mudanças do mundo do trabalho. A mudança, contudo, deve seguir as diretrizes da Organização Internacional do Trabalho, especialmente a Convenção de 87, que assegura a liberdade sindical.
Temos pela frente um grande desafio, mas isso nos motiva a lutar para acabar com a opressão e a discriminação de qualquer natureza. A organização dos trabalhadores é a chave para impedir um retrocesso no processo político e civilizatório, tendo em vista o grande poder de interlocução desses atores com a sociedade, que produz e trabalha de fato. O movimento social de classe (sindicato) consegue integrar e interagir, o que é crucial para as mudanças decisivas do país. Esse poder é justamente o que incomoda os reacionários, pois, ao lutar pelos direitos e pela cidadania, o movimento sindical se torna um interlocutor legítimo para a elaboração de políticas públicas.
Eusébio Pinto Neto,
Presidente da Federação Nacional dos Frentistas e do Sinpospetro-RJ