A crise climática, que afeta o pasto e as plantações, não é a única causa para o aumento dos preços dos alimentos no Brasil. Os preços dos combustíveis, do dólar e das taxas de juros influenciam os preços dos produtos nos supermercados. Apesar do crescimento da atividade econômica, do emprego e do poder aquisitivo da população, o governo enfrenta, hoje, o desafio de colocar comida mais barata na mesa do trabalhador.
De acordo com um estudo divulgado pela Organização das Nações Unidas na semana passada, os eventos climáticos podem causar fome e desnutrição em pelo menos 20 países latino-americanos, dentre eles o Brasil. O relatório ainda aponta que as políticas públicas implementadas pelo governo Lula garantem a segurança alimentar da população.
Apesar de parecer uma realidade distante do cidadão comum, a alta do câmbio tem um grande impacto no dia a dia dos brasileiros. Quando a moeda norte-americana sobe, os custos com insumos importados, como fertilizantes, são repassados diretamente para os produtos. O Brasil é extremamente dependente da importação de fertilizantes. A alta do dólar também favorece as exportações. O Brasil é o quarto maior produtor de alimentos do mundo.
Com o aumento do diesel pela Petrobras e da alíquota do ICMS sobre o produto, no último sábado, o valor do litro subiu cerca de trinta centavos. Este reajuste terá reflexo no índice de preços dos alimentos, uma vez que a maioria deles é transportada pelas rodovias.
No governo Bolsonaro, a inflação da alimentação foi de 57%, enquanto nos dois primeiros anos do governo Lula ficou em 10%. A conta, agora, cai no bolso de Lula.
Com a alta das taxas de juros, investir no país torna-se mais caro. Dessa forma, os setores econômicos preferem investir no mercado financeiro, onde o lucro é alto e não há riscos de danos climáticos. O Brasil ocupa a segunda posição no ranking mundial, com 9,18% de juros reais.
As alternativas apresentadas pelo governo para tentar manter a geladeira cheia têm sido rechaçadas pela bancada ruralista no Congresso Nacional. Os parlamentares propõem um ajuste fiscal e cortes em programas sociais como uma alternativa para manter os preços dos alimentos em equilíbrio. Isto deixará a despensa dos trabalhadores ainda mais vazia.
As exportações de carne, frango e ovos cresceram em 2024, bem como a da safra brasileira. Santo de casa não faz milagre. Apesar de o país ser um grande produtor de alimentos, os que se beneficiam da exploração alheia se fartam com o prato cheio de ganância.
Eusébio Pinto Neto, presidente da Fenepospetro e do Sinpospetro-RJ