No dia 31 de março de 1964, um golpe militar instaurou no Brasil uma ditadura que durou mais de duas décadas. O regime, marcado pela repressão, censura e violência, deixou cicatrizes profundas na sociedade brasileira. Hoje, passados 61 anos, relembrar esse período é um ato de resistência e conscientização, essencial para garantir que os erros do passado não se repitam. Para o presidente da Federação Nacional dos Frentistas (Fenepospetro) e do Sindicato dos Frentistas do Rio de Janeiro (Sinpospetro-RJ), Eusébio Neto, “a memória histórica é fundamental para que as novas gerações compreendam a importância da democracia e evitem novos retrocessos”.
O golpe militar de 1964 foi um ato extremo que interrompeu o processo de avanço político e social no Brasil. O pretexto era conter uma suposta ameaça comunista, mas, na prática, o regime implantou uma ditadura violenta, marcada pela perseguição, censura e supressão de direitos fundamentais. Para Eusébio, o Brasil poderia ser hoje um país mais desenvolvido caso o governo democraticamente eleito de João Goulart não tivesse sido deposto. “Os militares, além de instaurarem um regime autoritário, impuseram um retrocesso econômico e social, afetando diretamente a classe trabalhadora”, destaca.
Repressão ao movimento sindical – Os sindicatos, que historicamente lutam pelos direitos dos trabalhadores, foram alvos diretos da repressão. As conquistas trabalhistas foram estagnadas, e os sindicatos passaram a sofrer intervenções do governo. Greves foram proibidas, direitos foram retirados, e a classe trabalhadora perdeu sua voz. “Qualquer regime autoritário busca sufocar as organizações sociais. Muitos sindicalistas foram exilados, torturados e mortos. O operário Manoel Fiel Filho é um símbolo dessa brutalidade”, relembra o presidente.
Reflexos do golpe ainda hoje – Mesmo com o fim da ditadura, os impactos desse período ainda são sentidos. A desigualdade social permanece alarmante, e a distribuição de renda continua sendo um desafio. Durante os anos de chumbo, os trabalhadores foram impedidos de reivindicar melhores condições salariais e de trabalho. Hoje, mesmo em um regime democrático, ainda há desafios para garantir condições dignas e justas. “A ditadura reprimiu a luta por direitos, estagnou as melhorias para os trabalhadores e criou um ambiente de medo. O golpe militar atrasou a luta sindical em décadas”, enfatiza o sindicalista.
O papel do movimento sindical na defesa da democracia – Para evitar novos retrocessos, a atuação dos sindicatos é fundamental. O movimento sindical precisa estar presente na base, conscientizando os trabalhadores sobre seus direitos e sobre a importância da participação política. “Temos que travar uma grande luta contra o capital e por uma distribuição de renda mais justa”, afirma Eusébio Neto.
O sindicalismo teve um papel importante nos últimos anos ao impedir avanços de pautas autoritárias. “Apoiamos a democracia, resistimos ao retrocesso e lutamos contra o perigo de uma nova ditadura”, reforça o presidente da Fenepospetro.
Lembrar para não repetir – A memória é um instrumento de resistência. A história nos ensina que regimes autoritários não surgem do dia para a noite. Eles se constroem em meio à desinformação, à desmobilização social e à criminalização dos movimentos populares. Esquecer o golpe militar de 1964 é abrir caminho para que erros do passado se repitam. Para Eusébio Neto, a classe trabalhadora tem um papel decisivo na defesa da democracia. “Os trabalhadores produzem a riqueza do país e precisam ter consciência do seu papel político. Devem votar de forma consciente, escolher representantes comprometidos com a justiça social e lutar por uma sociedade mais igualitária”. A história do Brasil ensina que a democracia não é garantida. Ela precisa ser defendida diariamente, por meio da organização popular e da participação ativa dos trabalhadores. “Não podemos permitir que o retrocesso aconteça novamente. A democracia e a justiça social só existirão se houver consciência e luta”, conclui Eusébio Neto.
Por Rafaela Scaramelo