Ao longo de nossa trajetória histórica, a população brasileira sempre foi explorada pela elite, denominada classe dominante, composta por oligarquias. Hoje, essa classe é muito bem retratada no Congresso Nacional, com seus parlamentares eleitos pelos grandes representantes do capital.
Até mesmo na literatura, na obra intitulada “Raízes do Brasil”, de Sergio Buarque de Holanda, nós, enquanto cidadãos brasileiros, somos designados como “cordiais”, entre outras denominações que contribuíram para formar nosso perfil de população subserviente, em razão do célebre “jeitinho brasileiro”. Entretanto, tal denominação não revela a verdadeira essência de nosso povo, que é aguerrido e trabalhador.
Como tudo possui um limite, parece que o povo atingiu seu ponto máximo, em face dos repetidos e intermináveis abusos dessa elite dominante que conta com os parlamentares como seus serviçais. Contrariados com a indiferença desses políticos, diante da desigualdade social e da ganância dessa minoria privilegiada, o povo optou por reagir, utilizando, atualmente, o poder das redes sociais para expressar sua insatisfação em relação ao sistema escravocrata.
O estopim da nossa rebelião contra a desigualdade foi a derrubada do veto à Medida Provisória do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), enviada pelo Poder Executivo ao Congresso, a fim de tributar os mais ricos. Esses endinheirados sempre sonegaram e pagam menos impostos que a classe trabalhadora.
A população brasileira enfrenta uma carga tributária excessiva e não possui alternativas para evitar o pagamento, uma vez que os tributos estão inclusos nos preços dos produtos de consumo, como os da cesta básica, e são descontados diretamente nos contracheques.
A iniciativa do executivo de reagir com postagens nas redes explicitando a realidade e a chantagem do Congresso foi acertada. Esse comportamento vicioso das elites, que consiste em retirar dos mais pobres para beneficiar os ricos, despertou a consciência de classe e ampliou a percepção e o entendimento do povo “cordial”.
O cidadão brasileiro compreendeu a gravidade da situação e manifestou-se de forma cívica e digna nas plataformas digitais, exigindo respeito e denunciando a manobra indecorosa do Congresso Nacional para obter recursos do governo.
A população respondeu ao chamado para a luta de classes, cujo ponto culminante será a manifestação agendada para a próxima quinta-feira, dia 10 de julho. O surgimento da conscientização política das massas não é algo comum e simples; portanto, quando ocorre, é fundamental saber utilizar e preservar esse estímulo na luta contra a desigualdade social.
O governo necessita de discernimento para aproveitar essa oportunidade histórica ímpar e não frustrar a população. Esse movimento é fruto de sofrimento, decepção e indignação com essa exploração secular, que persiste de forma escancarada e escandalosa, nos atos e atitudes das oligarquias política, judiciária e empresarial. Mais uma vez, o nosso amado povo heroico não foge à luta!
Eusébio Pinto Neto,
Presidente da Fenepospetro e do Sinpospetro-RJ