Tudo novo é desafiador; assim, a transição tecnológica no âmbito laboral deve ser realizada de forma gradual e justa, a fim de evitar o desemprego e a exclusão social. A declaração foi feita pelo presidente da Fenepospetro e do Sinpospetro-RJ, Eusébio Pinto Neto, durante o Seminário de Intercâmbio Sindical, realizado em Pequim, nesta quinta-feira (18).
O seminário organizado pela Federação Nacional dos Sindicatos da China (ACFTU) teve como propósito compartilhar experiências relacionadas à modernização chinesa e explorar novos horizontes para o trabalho. Federação Chinesa abordou a filiação dos trabalhadores nas novas formas de emprego e apresentou um aplicativo criado para a interação com os afiliados.
Eusébio Neto defendeu a implementação de ações para evitar danos tanto aos trabalhadores quanto aos sindicatos durante a transição digital. No Brasil, tal processo demandará uma maior complexidade por parte das entidades de classe. Os sindicatos não estão estruturados para esse avanço, que resultará em uma mudança radical na gestão interna das entidades.
“Sabemos que o processo de digitalização dos sindicatos é inevitável, mas no nosso país, as entidades estão estruturadas no modelo de trabalho presencial, na porta das fábricas, nos postos de combustíveis, onde estiverem os trabalhadores. Nosso trabalho de base é no corpo a corpo. Faz parte da nossa cultura, esse calor humano”, disse.
AUTOSSERVIÇO
Eusébio Neto disse ser contra a automação, mas diante do avanço tecnológico, essa transição parece inevitável. Ele citou a Lei 9.956/2000, que assegura o emprego de cerca de 500 mil trabalhadores de postos de combustíveis no Brasil. A lei, uma vitória dos sindicatos da categoria, proíbe o autosserviço nos postos.
INTERCÂMBIO SINDICAL
O intercâmbio visa fortalecer a amizade e a cooperação entre as lideranças sindicais do Brasil e da China. Até a próxima quarta-feira, dia 24 de setembro, os sindicalistas compartilharão informações referentes aos direitos trabalhistas, modelo de produção, além da conjuntura política, econômica, cultural e social dos dois países.
Eusébio Neto viajou a convite da Força Sindical. Também fazem parte da comitiva da central João Carlos Gonçalves (Juruna), secretário-geral da entidade, Nilton NECO Souza, secretário de relações internacionais, a diretora Josileide Neri Oliveira e o assessor especial para assuntos internacionais da central, Ortelio Palacio Cuesta.
OUTRAS CENTRAIS
A delegação brasileira também é formada por dirigentes da CUT, UGT, CTB, NCST e CSB. Hoje, 19 de setembro, os sindicalistas estiveram presentes na Assembleia Popular da China.
Os gastos da delegação brasileira foram custeados pela Federação Chinesa, a maior organização sindical do mundo, que conta com 302 milhões membros distribuídos em 1.713.000 entidades sindicais.
Por Estefania de Castro