A alta abusiva nos preços dos combustíveis fez setores do capital retomar uma antiga tese. A tese do selfie-service em postos, sob a falsa alegação de que os preços vão cair. Neste final de semana, a Folha de S. Paulo repercutiu o assunto.
A mudança é defendida por parte do segmento de revenda. Mas é rechaçada por Sindicatos de Frentistas e vista com pouco entusiasmo pela própria Fecombustíveis, entidade patronal.
O selfie-service nos postos foi proibido por lei em 2000 – de autoria de Aldo Rebelo, sancionada pelo presidente Fernando Henrique. Nossas entidades comandaram uma forte mobilização, na época, que se tornou vitoriosa.
Um dos projetos atuais é do deputado federal Vinícius Poit (Novo-SP) e se encontra na Comissão específica da Câmara. A Emenda de Kim Kataguiri (DEM-SP) a uma MP não integrou o texto final da Medida 1.063.
Arrocho – Na matéria da Folha, o presidente do Paranapetro, Rui Cichella, afirma que a redução dos custos trabalhistas poderia representar corte de até 5% no preço final dos combustíveis. O Dieese mostra que não: o salário do frentista mal chega a 1.8% do custo final.
Tempo – Para a Fecombustíveis, a simples implantação do autosserviço teria pouco efeito sobre os preços. Primeiro, porque a maioria dos postos fica em terrenos pequenos, que dificultam o abastecimento de vários veículos ao mesmo tempo. E, quanto mais tempo o abastecimento demora mais caem as vendas. O frentista leva 2 minutos e 40 segundos, em média, pra encher o tanque. No selfie-service, 10 minutos. Pra vender a mesma quantidade com o autoatendimento, o posto teria que triplicar o número de bombas.
Mesmo a entidade empresarial alerta sobre o risco de desemprego dos frentistas num momento em que o mercado de trabalho atravessa grave crise. O setor hoje emprega 500 mil pessoas.
Chico – “Se multiplicar por quatro, o tamanho de uma família média, dois milhões de pessoas vivem diretamente desse trabalho. É um impacto muito grande”, averte o vice da Fenepospetro, Francisco Soares de Souza.
Chico Frentista vai além. Ele diz: “Quem está num posto com 20, 30 anos não vai arrumar serviço em outro lugar. Não está preparado para outra profissão”.
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(Reportagem de Nicola Pamplona – RJ)