O movimento sindical luta há anos contra o desemprego, baixos salários e a informalidade, e, agora, tem pela frente o desafio de se adequar ao mundo da tecnologia que avança no mercado de trabalho. No Brasil, os trabalhadores do setor automotivo já sentem o peso da modernidade. Desde a virada do século, os frentistas travam uma batalha com a tecnologia. O país tem uma lei específica para garantir o emprego da categoria. A Lei 9.956/2000 proíbe bombas de autosserviço em postos de combustíveis de todo país. A tecnologia veio para ficar, então temos que repensar as estratégias para garantir os nossos empregos.
O crescimento econômico depende diretamente da produção e do consumo. Os países com os maiores níveis de automação e robotização possuem taxas de desemprego menores. A sociedade não ganha com o desemprego, pois, a pobreza reduz o poder de compra e o lucro dos empresários. Existe uma lei básica na economia que não pode ser desprezada: o objetivo final da produção é o consumo. Para não perder o relógio da história, a classe operária tem que se qualificar e se preparar para as mudanças.
Hoje, os carros elétricos são uma das soluções apontadas como fundamentais para reduzir a poluição no planeta. A frota mundial de carros, vans, ônibus e caminhões elétricos ultrapassa os 20 milhões. No Brasil essa transformação é mais lenta e o número de carros eletrificados chega a 126 mil. Também tramita na Câmara dos Deputados, Projeto de Lei determinando que, a partir de 2035, só poderão ser comercializados no país, veículos novos — nacionais ou importados — com motorização elétrica.
Os robôs são uma realidade neste novo mundo e frentistas são os principais alvos da tecnologia. Na Finlândia e na China, postos de combustíveis já operam com robôs frentistas. As empresas que desenvolveram os projetos alegam que robôs são mais rápidos no abastecimento.
Por um período conseguiremos vencer os embates, por isso temos que qualificar e estruturar os trabalhadores. É preciso olhar à frente para o criador, não se torna presa da criatura. Mesmo com todo investimento tecnológico, o frentista, amigo do cliente, sempre fará falta, por ser prestativo, alegre, cordial e gentil. A tecnologia desenvolve até cérebro eletrônico, inteligente, mas só conseguirá fazer a máquina expressar sentimentos, através da programação.
Eusébio Pinto Neto, presidente da Fenepospetro e do Sinpospetro-RJ