A onda de xingamentos, racismo, abusos e mesmo agressões, que teve seu epicentro no Paraná, levantou o debate nacional acerca das condições de trabalho nos postos. A audiência pública, na Câmara de Curitiba, dia 29, a pedido do Sindicato local, deu o grito de alerta sobre o drama e mostrou que o poder público precisa agir.
Telma Cardia preside o Sindicato da categoria em Guarulhos (Grande SP) e também ocupa a Secretaria da Mulher na Fenepospetro. Segundo a dirigente, “se as condições para o homem já são ruins, pras trabalhadoras a situação é ainda pior”.
Seleção – A discriminação começa no processo seletivo. “Querem mulheres novinhas, corpo violão, pra serem usadas como chamariz nos postos”, alerta Telma Cardia.
Uma vez empregada, a trabalhadora tem que vestir uniforme desconfortável. Ela explica: “Calça legg aperta e machuca, pois a jornada dura 7h20 minutos, de trabalho intenso. Quando a companheira está menstruada, esse tipo de vestimenta é ainda mais problemático, até pra se fazer a necessária higiene pessoal”.
Os abusos cometidos contra o trabalhador são ainda maiores com relação à trabalhadora em postos. “Assédio moral e sexual são constantes, seja por parte de encarregados, do patrão ou do cliente”, observa Telma.
Outro problema real atinge a grávida, pois o bebê é formado nos três primeiros meses de gestação. A dirigente explica: “A inalação da gasolina faz mal à grávida e ao feto, podendo provocar a morte de bebês ou gerar deformações”
Para a dirigente, o certo seria os três primeiros meses serem bancados pela Previdência. Ela conta: “O patrão até afasta, mas essa companheira perde renda, porque fica sem o Adicional e Periculosidade e o tíquete-refeição”. Segundo Telma, o ministro Carlos Lupi, da Previdência Social, já foi interpelado a esse respeito.
Denúncia – A dirigente do Sindicato de Guarulhos e da nossa Federação apela aos empresários adotar normas e procedimentos que assegurem a dignidade humana.
Quanto aos abusos por clientes, importante, ele orienta, anotar ou fotografar a placa do carro dos agressores, pois tudo isso ajudar a formar prova. Se for o caso, lavrar Boletim de Ocorrência na Polícia.
Legislativo – A audiência na Câmara de Curitiba cogitou a formulação de um Projeto de Lei específico para postos de combustíveis, que acrescente garantias ao que regulam as NRs. Para Telma Cardia, é um caminho que pode resultar no avanço legal em termos de proteção. Ela diz: “Mais proteção pra todos os empregados dos postos, mas principalmente quanto aos direitos e à dignidade da trabalhadora, que é a parte mais frágil nessa cadeia de abusos”.
MAIS – Acesse do site dos Sindicatos de Frentistas e do Diesat.