Apesar do pleno emprego, da valorização dos salários e da economia em expansão, os trabalhadores encontram dificuldades para avançar nas negociações salariais. As campanhas salariais em andamento, especialmente a dos frentistas, uma categoria historicamente jovem, apresentam desafios ainda mais significativos para os sindicatos, como o do Rio de Janeiro, que ainda não conseguiu elaborar uma convenção coletiva que atenda às necessidades dos trabalhadores.
Para superar essa barreira, é essencial estarmos unidos, pois o setor empresarial, mesmo diante de um cenário econômico propício à distribuição de lucros, joga pesado para dividir a classe trabalhadora. Os empresários querem impor a política de rebaixamento salarial e de retirada de direitos. A estratégia visa elevar a acumulação de capital em detrimento de uma categoria que recebe uma remuneração extremamente baixa, sendo que, em determinadas regiões, o salário base do frentista é equivalente ao salário mínimo. Precisamos nos posicionar e reagir.
Cumprindo a promessa feita durante a campanha, o governo reativou o projeto de valorização salarial por meio do crescimento econômico, que alcançou 3,3% ao ano, juntamente com a aplicação de um aumento real de 2,5% no salário mínimo. Trata-se de uma vitória das Centrais Sindicais que se empenharam na execução do projeto de valorização do salário mínimo. O projeto é extremamente necessário, considerando a acentuada desigualdade social presente em nosso país.
Aos sindicatos, cabe fazer a sua parte: organizar a classe trabalhadora, reivindicar, lutar e resistir, usando os recursos disponíveis para construir uma convenção de trabalho que assegure benefícios e uma remuneração justa para os trabalhadores que representam.
Os frentistas devem lutar contra esse patronato, que possui uma prática reacionária de exploração de trabalho. Em nossa classe, existem situações análogas à escravidão, caracterizadas pelo descumprimento frequente das leis e das convenções coletivas. Esse patrão explorador dificulta a negociação e, até mesmo, se recusa a fechar acordos sem a retirada de direitos.
O contexto econômico atual é favorável, e não podemos nos abster de cumprir com nossa responsabilidade, que consiste em confrontar o capital. A nossa força é a união. É de nosso conhecimento que apenas na mesa de negociação não avançaremos, uma vez que o capital só respeita a unidade e a luta dos trabalhadores.
Frentistas são linha de frente.
Eusébio Pinto Neto. Presidente da Fenepospetro e do Sinpospetro-RJ.